quarta-feira, 31 de janeiro de 2018

POSSE DE MARIA TERESA NA ACADEMIA

Em 22 de janeiro, na presença de membros da Academia de Letras do Noroeste de Minas e de convidados, tomou posse da Cadeira 39 a poeta e escritora Maria Teresa Oliveira Melo Cambronio. Na ocasião, Maria Teresa homenageou Patrono da Cadeira 39, Anthonio Teodoro da Silva Neiva, "um dos mais proeminentes intelectuais que se instalou em Goiás, mercê de sua dedicação ao estudo da geografia, da história, da antropologia e por fim, da ciência do Direito." 


A cerimônia foi conduzida pelo acadêmico Tarzan Leão de Castro, que compôs a mesa de honra com Maria José Gonçalves “Zequinha”, Maria Teresa Oliveira Melo Cambronio, Palmo Bianchi, Coraci da Silva Neiva Batista e a presidente da Casa, Helen Ulhoa Pimentel..
Membros da Academia de Letras prestigiaram o evento. Da esquerda para a direita: Márcio Santos, Coraci Neiva, Palmo Bianchi, Benedita Soares, Maria José Gonçalves, Maria Teresa Cambronio, Florival Ferreira, Marcos Spagnuolo, Tarzan de Castro e Helen Pimentel.

Seguindo as normas da Academia, Maria Teresa foi recebida por Maria José Gonçalves, em nome dos integrantes mais antigos, expondo a sua biografia. Além de poeta, cuja atividade a credenciou para ingressar na Academia, Maria Teresa tem intensa participação na sociedade paracatuense, principalmente na área educacional. Para ler a biografia mais detalhada de Maria Teresa, clique AQUI.


As jovens cantoras, Cássia Ester e Leisle, abrilhantaram a noite com duas belas canções.
Veja o vídeo da apresentação da dupla de cantoras, clique AQUI.
Durante a solenidade Maria Teresa discorreu sobre a trajetória de vida e obra de Antônio Theodoro da Silva Neiva, ilustre filho de Manoel da Silva Neiva - o saudoso Dr. Maneco - e de D. Antonina Aquino Neiva.
Para conhecer mais sobre a vida e obra do Dr. Antônio Theodoro, clique AQUI.


A educadora Ruth Brochado apresenta ao público o poema de Maria Teresa em homenagem ao Patrono da Cadeira 39, Antônio Theodoro da Silva Neiva.
A seguir o poema de Maria Teresa em homenagem ao Patrono e inspirado nos feitos de Antônio Theodoro da Silva Neiva, o qual é apresentado a seguir. Se quiser acessar o vídeo com a declamação, clique AQUI.

A Grande Viagem

A vida é trem bala, como Ana Vilela descreve em sua canção
Cada qual segue escrevendo sua história mesmo repleta de derrotas e glórias
É necessário fazer a grande viagem com pompa e coragem
Assim como viajou com grandeza, Antônio Theodoro da Silva Neiva
Ainda menino se tornou professor
Embalado e encantado pela ciência se especializou em apicultura
Deliciando os momentos doces da grande viagem
Ótimo filho e irmão, exímio Advogado-juiz, marido, pai e avô.
Na solidão da viuvez e na senilidade concluiu sua obra prima, “Antropologia Goiana” que nesse ponto da viagem acelerou.
Homem de fé e coragem, não brilhou por escolhas caras.
Destacou-se pelas escolhas raras!
Advogado e juiz de sua própria história ostentou apenas as escolhas raras
É como diz a canção, a vida é trem bala, precisa-se fazer a grande viagem
Assim como fez Antônio Theodoro, o professor, advogado, escritor e juiz
Viajou com virtude, honradez e excelência em todos os lugares em que viveu
Theodoro contemporaneamente viaja na companhia de Deus!


ANTHONIO TEODORO DA SILVA NEIVA

Antonio Theodoro da Silva Neiva nasceu em 18 de julho de 1916 na cidade de Paracatu, Estado de Minas Gerais, filho de Manoel da Silva Neiva, conhecido em Paracatu como Dr. Maneco, e de Antonina Aquino Neiva. Estudou o primário no grupo Escolar Afonso Arinos. O curso regular também foi concluído em Paracatu, no Colégio Antonio Carlos. Em Goiânia, no Instituto de Educação de Goiás em 1950, sua carreira para o magistério estava destinada.

          
No ano de 1933, em 15 de dezembro Neiva diplomou-se em técnico agrícola. Especializado em Apicultura e Sericultura, pela Escola Superior de Agricultura e Veterinária do Estado de Minas Gerais, na cidade de Viçosa.          

Em Goiânia, conseguiu ainda realizar os cursos de Bacharelado e Licenciatura em Geografia, História na Faculdade de Filosofia de Goiás, que hoje faz parte da Universidade Católica, e o de Direito, na Faculdade de Direito de Goiás, atualmente pertencente à Universidade Federal de Goiás. Concluiu o bacharelado, em 11 de dezembro de 1953, ou seja, o Curso Jurídico, em 15 de dezembro de 1962.

Depois desse longo período no interior de Goiás, onde exerceu a carreira de magistério, na Escola Normal Joaquim Bonifácio, de Pires do Rio; na Escola Normal “Ricardo Campos, de Itumbiara; no Patronato Agrícola de Rio Verde; e no Ginásio do Professor Zacarias do Vale Monteiro, em Campo Formoso, Hoje Orizona- O professor Antonio Theodoro da Silva Neiva fixou residência em Goiânia, a partir de 1949, quando, a convite do Dr. Ulisses Jayme, na época secretário de Estado da Agricultura, Indústria e Comércio, no governo de Jaime Coimbra Bueno, exerceu as funções de Diretor da Seção de Divulgação e Estatística daquela Secretaria de Estado, oportunidade em que fundou e fez circular O Informador Agrícola, órgão especializado de divulgação de matéria pertinente à agricultura e pecuária, que teve existência efêmera. Antes porém, em 1939, já havia redatoriado, em Pires do Rio, o jornal Nossa Folha.
          
Logo, o professor Antonio Theodoro da Silva Neiva exerceu o magistério em Goiânia, ministrando aulas como professor “pró-labore” no Colégio Estadual de Goiânia, no Instituto da Educação de Educação de Goiás, no Colégio Santa Clara de Campinas (Curso de Comércio), em Cursos de Suficiência do Ministério Da Educação e Cultura de cujas Bancas Examinadoras fez parte e, finalmente como professor nomeado, na Faculdade de Filosofia da Católica, onde lecionou por 15 anos, e no Instituto de Ciências Humanas e Letras, da Universidade Federal de Goiás, desde a sua fundação, aí se aposentando como Professor Adjunto. Em 1969, prestou concurso para Magistratura Vitalícia do Estado de Goiás, exercendo as funções de Juiz de Direito, nas 8ª e 11ª Zonas Judiciárias, donde foi removido para a comarca de Goiânia, em que se aposentou, como Juiz de 1ª Entrância, depois de vários anos no exercício irrepreensível de árdua carreira de Magistrado.
           
Casado com uma goiana de Santa Cruz, Professora Diva Cavalcanti Neiva,. Antonio Theodoro é pai de três filhos e avô de onze netos, todos goianos.

Fonte: Livro Memória Cultural – Oliveira Mello (pág. 99, 100). Segundo o autor Oliveira Mello, o esboço bibliográfico foi realizado pela filha de Antonio Theodoro Da Silva Neiva, Maria Inês Neiva Pedatela, no prefácio do livro Introdução à Antropologia Goiana.


Com a morte da esposa Diva em 9 de dezembro de 1992, o professor Neiva sofreu um profundo golpe existencial entrou em processo lento e implacável processo de depressão, o que contribuiu para o seu definhamento físico e espiritual agravando com o término dos trabalhos do livro antropologia. Naquele mês registrou no frontispício do seu livro após nota de agradecimento à mulher de “excelsas virtudes” condição de viúvo, entregue à melancolia e ao esmorecimento.
“ já não vive neste mundo, a  destinatária do agradecimento supra. Sozinho idoso e doente a claudicar, no acaso da existência, tenho coração e a alma golpeados pela saudade e pelos desenganos.”
No livro de Itaney Campos fala que o desembargador Alfredo Abinagem, que foi juiz titular da comarca de Guapó, que Neiva foi um dos juízes mais injustiçados da história da magistratura goiana, pois o governo nunca lhe reconheceu os méritos tanto que tendo figurado na lista de promoção, por cinco vezes, foi sempre preterido.
Sua filha Maria Augusta comentou no livro de Itaney que seu pai foi um homem que acreditava na justiça e no merecimento do trabalho honesto e dedicado, amava magistratura e a exerceu com amor competência e responsabilidade, porém cansado de esperar promoção optou pela aposentadoria precoce aos 64 anos.
Quando, por fim foi contemplado com a promoção, para a Comarca  a Fazenda Nova, Antonio Theodoro não aceitou.         
Silva Neiva foi um dos mais proeminentes intelectuais que se instalou em Goiás, mercê de sua dedicação ao estudo da geografia, da história, da antropologia e por fim, da ciência do Direito.
Ao genitor Dr. Maneco ele se referia na introdução de antropologia, como exemplo de honradez de bondade e de amor ao trabalho. À mãe Antonina “mater extremosa, de virtudes excelsas e de alma mística”.
No ambiente familiar Antônio Teodoro recebeu exemplos da conduta pautada nos valores éticos da simplicidade, do trabalho, da dignidade e estudo que nortearam sua vida e ornamentaram sua inteligência privilegiada.
Theodoro foi o primogênito de Neneco e Antonina além dele o casal teve Maria de Lourdes, Dora Cândida, Zaida Salete, Joaquim Pedro, Terezinha de Jesus e Dulce Cleide.
Com a esposa Diva Cavalcanti, o professor Neiva, teve os filhos: Luiz Carlos da Silva Neiva, Maria Augusta da Conceição Neiva e Maria Inês Neiva.
Diz a biografia de Campos que Neiva nunca descurou de suas raízes mineiras, prova disso é que quis pelo menos que um dos seus filhos nascesse em sua terra natal, o que ocorreu com a filha Maria Augusta, a Guta aquela que lhe serviu de Amparo na velhice.     
Professor atuante, Neiva foi um dos responsáveis pela criação do Museu Antropológico da Universidade de Goiás.



Antropologia Goiana em três volumes

O primeiro volume, discorre sobre a origem do índio Goiano nominando as tribos existente à época do Anhanguera e aquelas anteriores a eles, trava vários ciclos de bandeiras, especificando nas bandeiras, o ciclo do Paraupava, do ciclo Araguaia, do ciclo Sertão dos Goiá e cometa ainda o ciclo do descobrimento e povoamento das minas de ouro do sertão de Goiás e comenta do ciclo do descobrimento e povoamento das minas de ouro do sertão de Goiás  e disserta em seguida sobre as tribos atuais, aldeamentos catequéticos .
No segundo volume cuida de vários governos da província de Goiás, iniciando pelo governo de Dr. Marcos Noronha  1749 a 1755 encerrando com o de Joaquim Machado de Araújo 1946 a 1947, acrescido de sinopses de outros chefes de estado de Goiás de 1930 a 1945.           
Na primeira, estabelece o conceito de antropologia e sua relação com outras ciências, discorrendo sobre vários conceitos de cultura e explícita as teorias relativas à cultura especialmente o difusionismo inglês e alemão.
No segundo prolegômenos o professor relaciona as lições de José Bastos de Ávila, de Ernst Frizzi e Juan Comas sobre o histórico da antropologia física, concluindo as classificações raciais, iniciação pré-histórica e paleontológica e o conceito de antropologia física, concluído com a síntese em torno do evolucionismo e o pré-hominídeos, raças de neolíticas, idades dos metais e raças humanas.


Na terceira antropologia (volume 3), faz um estudo minucioso dividido em duas partes, que ele o autor denominou de Prolegômenos de Antropologia Cultural e Prolegômenos de Antropologia Física.Antônio Theodoro da Silva Neiva foi sem dúvida um homem de inteligência múltiplas. Sua condição de patrono honra e dignifica a Academia Goiana de Direito. Um grande homem, de grandes feitos.