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Benedita dos Reis Soares Costa durante palestra proferida para alunos de Pedagogia / EAD da Faculdade do Noroeste de Minas - FINOM. |
Palestra proferida na
Faculdade FINOM para a turma de Pedagogia do EAD em 10/06/2017
Apresentação:
Benedita dos Reis Soares Costa
Pedagoga,
Professora, Escritora.
Membro da Academia Taguatinguense de Letras-
ATL- DF
Membro da
Academia de Letras do Noroeste de Minas - ALNM Paracatu-MG
Cumprimentos............................
Não vou fazer discurso nem palestra. Mesmo porque vocês já
devem ter ouvido muita coisa boa no decorrer desses dias e faz muito tempo que
eu me afastei do magistério. Pode ser que eu não tenha muita coisa para
acrescentar ao que vocês já sabem.
Há mais de quinze anos eu me
aposentei e, de lá para cá, muita coisa mudou, muitos conceitos foram
substituídos por conceitos novos. E, por mais que eu tenha tentado acompanhar
essas mudanças, muitas coisas ficaram perdidas.
As tecnologias, que já
existiam naquela época, sofreram um avanço considerável. Hoje não se faz mais
nada sem o uso dela e, com isso, muita prática educativa que foi usada no
passado e, que de certa forma, garantiu a boa qualidade do ensino naquela
época, não é mais aproveitada.
Por exemplo: recursos
didáticos como cartazes, pauzinhos de picolé, o ábaco, o quadro valor do lugar,
o alfabeto recortado em cartolinas, o varal para a exposição dos trabalhos das
crianças, o tabuleiro de areia, etc. Coisas que poderão ser feitas pelas
próprias crianças com a orientação da professora e que trazem uma riqueza
imensa de experiência e prazer porque a
criança sente o valor de sua participação na vida da escola e na confecção do
seu próprio material. A criança gosta de ser útil participando do processo e,
para isso, a professora tem que conhecer os recursos, saber usá-los e, até,
confeccioná-los.
O uso do material concreto
nas séries iniciais, é de fundamental importância porque é quando a criança
desenvolve a sua percepção sensorial. Ela precisa ver, ouvir, cheirar, tocar,
sentir o gosto. Quanto mais a aprendizagem passa pelos sentidos, mais ela se
torna efetiva. Alguns recursos modernos como o slide, o data show, os vídeos e
outros não trazem para a criança essa possibilidade de conectar com a
aprendizagem através do pegar, do sentir, do cheirar. Seria oportuno que a
metodologia pudesse resgatar algumas práticas antigas, que não são obsoletas, e
que, aliadas às tecnologias e aperfeiçoadas por elas podem trazer um reforço
muito grande para o processo de aprendizagem.
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Crianças presentes à palestra da acadêmica Benedita Costa |
Outra prática que tem sofrido
muito com o uso das tecnologias é o processo de Contação de histórias. Toda a
Literatura Infantil, dos Clássicos aos Modernos, está transformada em filmes.
Com toda riqueza de detalhes, cores, sons, movimentos que encantam a meninada.
A professora ou o professor leva a criança para a sala de televisão ou até,
sala de cinema, e passa os filmes para ela. E ela se encanta porque eles são
lindos.
Não é só na escola, não.
Muitos pais já têm em suas casas toda essa coleção de filmes infantis. Antes de
chegarem à escola os filhos já conhecem todos. Já os assistiram muitas vezes. E
aí, é comum a professora dizer que não vai mais contar tal história para a
turma porque todos já a viram no filme.
E aí onde vai parar o famoso,
o mágico, o insubstituível “Era uma vez...”? A professora sentada no chão, na
rodinha contando história para a galerinha encantada, com os olhinhos
arregalados, brilhando... Mesmo que já conheçam a história, mesmo que eles
tenham gostado do filme, o milagre do “Era uma vez...” é infalível.
Por quê?
-Porque na história contada a
criança não vê os personagens. Então ele os cria. Aqui é que está a importância
do contar história para ela. Ela se sente livre para criar o seu Príncipe, a
sua Fada, a sua Chapeuzinho Vermelho, a sua Cinderela. Tudo de acordo com a sua
imaginação. Até o som da floresta, o pio da coruja, o uivo do lobo, o farfalhar
das folhas ao vento, ela cria. Aí, a história fica completa porque entraram a
imaginação, o sonho, a criatividade da criança. E ela se sente livre porque não
foi obrigada a aceitar as personagens mostradas pelos filmes. Ela criou a sua
personagem e deu a sua contribuição no contexto da história.
Ouvir história é o primeiro
contato da criança com o texto e é quando se inicia nela a possibilidade de
sentir emoção. Escutar uma história é o começo da aprendizagem para ser um
leitor e ter um caminho infinito de descobertas e de compreensão do mundo.
Até para pesquisar na
internet o leitor tem que passar pelo livro. Porque ele precisa ter o seu senso
crítico desenvolvido para saber entender o texto e selecionar as informações.
Imaginem vocês que fazem o
EAD. Que não têm contato direto com o professor. Vocês só poderão se informar
pela internet e pelo livro e por outros meios que envolvam a leitura. Imaginem
a dificuldade que vai ser o seu aprendizado se você não tiver um aguçado senso
crítico para extrair da internet e do livro a bagagem de conhecimento que venha
garantir a você a sua graduação e, principalmente, o desempenho profissional na
carreira que você pretende seguir. O que vai garantir a qualidade do seu
aprendizado é o gosto pela leitura e o hábito de ler. Porque a partir daí você
vai encontrar um mundo de possibilidades e de recursos que farão com que você
se aprofunde no campo da sabedoria.
A internet não produz o
conhecimento. Tudo que está lá foi colocado por alguém. Qualquer pessoa pode
abrir uma página na internet e postar um artigo que pode ser fruto de uma
pesquisa, resultado de um estudo ou, simplesmente, uma opinião. Quem garante a
credibilidade dessa informação?
Não quero dizer que a
internet não deva ser usada. Ela é uma fonte de informação democrática e
universal. Um conhecimento, uma informação postada na rede conecta com o mundo
inteiro e é encontrada em qualquer lugar desde que tenha um computador.
O que eu recomendo é que não
deixem de usar o livro. E, com relação à criança, lembre-se de Bill Gates que
diz: “Meus filhos terão computadores, sim. Mas antes terão livros. Sem livros,
sem leitura, os nossos filhos serão incapazes de escrever- inclusive a sua
própria história”
Coloque, pois, o livro nas
mãos da criança e desenvolva nela o gosto pela leitura. Só o gosto pela leitura
e o hábito de ler é que vão conduzir a criança nesse processo de entendimento.
Conte histórias para a
criança. Leia para ela as histórias que as encantam. Histórias reais da vida,
histórias de nosso povo, descobertas científicas, atos heróicos, viagens
fantásticas. Fale de coisas importantes que leu nos livros e convide-a a ler
também. Incentive-a a conhecer o mundo, a história da humanidade, as ciências,
as artes através da leitura.
Alguém já disse e eu repito:
“A leitura faz de cada um de nós o herdeiro de tudo de bom que foi construído,
descoberto e inventado pela inteligência, pelo trabalho e pelo talento de todas
as gerações passadas e presentes.”
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Alunas de Pedagogia da FINOM assistiram a palestra da acadêmica Benedita Costa, acompanhadas de crianças. |
Para
terminar, eu vou ler para vocês uma história infantil das que agradam muito as
crianças: Uma história de bichos.
O coelho e a onça
Esta história você encontra no meu
primeiro livro- Passeio pelo tempo- que
eu publiquei em novembro de 2009.
Muito obrigada!
Que aula linda d. Benedita. Voltei aos meus tempos de aluna de normal no D. Elizeu
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