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| Dr. Jusmar Certo Roquete tomou posse da Cadeira N.º 11. cujo patrono é o escritor Gastão Salazar Pessoa. |
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| O acadêmico Florival Ferreira faz a abertura dos trabalhos. |
A cerimônia foi dirigida, com muita competência e humor característico, pelo acadêmico Florival Ferreira. Na composição da mesa, além de dr. Jusmar e esposa, estavam a Secretária da ALNM Sra. Benedita Soares, a Presidente Emérita Coraci Neiva Batista e a Presidente Helen Ulhôa Pimental.
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| Os presentes se levantam para acompanharem o Hino a Paracatu. |
Registramos aqui os discursos proferidos e as imagens da solenidade.
SAUDAÇÃO AO ACADÊMICO JUSMAR CERTO ROQUETE
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| A acadêmica Maria José Gonçalves Santos saúda o confrade Jusmar. |
Por
determinação da ilustre Presidente da Academia de Letras do Noroeste de Minas
fui incumbida, nos termos regimentais, de manifestar fraternas boas-vindas a
Jusmar Certo Roquete confirma sua posse na cadeira número 11, cujo patrono é
Gastão Salazar Pessoa.
Este
é um momento de júbilo por ser a oportunidade de festejarmos o ingresso de mais
um conceituado acadêmico e, também, de nos instruirmos sobre Gastão Salazar
Pessoa, o patrono. Este faz parte da memória desta cidade por haver abastecido
com sua inteligência e trabalho o celeiro de cultura que floresceu no sertão
mineiro das minas do Paracatu.
Assim,
a ALNM, mais uma vez, leva a bom termo a meta de construir uma “academia sem
academicismo” estribada no trabalho voluntário e sem fins lucrativos em favor
das belas letras, ciências, artes e história.
A
princípio devo confessar-lhes que me sinto honrada com a distinção de haver
sido escalada pela senhora Presidente para o cumprimento desta tarefa. Não
possuo os pródigos recursos de conhecimentos e comunicação necessários às
justas homenagens devidas ao paracatuense, profissional-médico e escritor-poeta
que aqui chega para enriquecer e enobrecer este sodalício.
Espero
que com palavras simples e cotidianas – as que possuo – eu possa fazer cair o
véu da modéstia que encobre os méritos e a grandeza da vida desse homem que se
colocou a serviço do bem-estar e da saúde humana e, ainda angariou tempo para
suas belas divagações poéticas. Imagino que entre um diagnóstico ou uma
conferência médica as musas da poesia chegavam para atiçar-lhe a inspiração,
como nesta:
Selene
Deitaste nua na areia branca
Em formosura tanta
Que te inventou a lua
Que desceu calada das alturas
E, a se fingir de inocente e pura,
Roubou a tua imagem luminosa e bela
E a espelhou no céu como se fosse dela.
Com
certeza, senhoras e senhores, não é fácil a tarefa de jogar as luzes da
informação sobre a profícua carreira desse profissional da saúde que, sem
cansar, desdobrou-se em estudos, pesquisas, conferências, simpósios,
demonstrações de prática que generosamente compartilhou com os colegas da
Medicina e com os alunos de inúmeras faculdades e Universidades brasileiras e
estrangeiras. Nos pilares da ética, amor ao próximo, dedicação e zelo Jusmar
construiu o vasto currículo que de forma concisa passo a relatar.
Quem
é Jusmar Certo Roquete, o médico-poeta que, segundo Maria Cristina Lembrança de
Carvalho, “possui a voz poética que tanto canta uma rua, quanto um livro que
está na memória, uma flor ou o Pote. E o faz com delicadeza de espírito, e gera
em nós, em síntese, o encantamento”?
Nasceu
em Paracatu, em 18 de outubro de 1946. É filho de Justino Roquete Franco e
Maria Certo Roquete. Jusmar é casado com a Sra. Fátima Ferreira Roquete. As
filhas dessa venturosa união são Renata e Raquel. Residem em Belo Horizonte.
Sua
trajetória estudantil começa no Grupo Afonso Arinos – tradicional educandário
de Paracatu. Prosseguiu seus estudos no Colégio Diocesano de Uberaba e, indo
para Belo Horizonte, estudou no Colégio Estadual de Minas Gerais e no Colégio
Universitário da UFMG. Ingressou na Faculdade de Medicina da UFMG em 1966.
Concluiu, com todos os méritos da sua dedicação o seu curso de Medicina, no ano
de 1970. Incontáveis cursos, simpósios, congressos e jornadas científicas
assinalaram seu contínuo aperfeiçoamento profissional e sua contribuição para o
conhecimento científico de estudantes e médicos em todo o Brasil, nos Estados
Unidos e na Europa. Realizou mais de vinte mil cirurgias em hospitais
particulares e públicos da capital mineira.
Conferencista,
disseminou seus conhecimentos teóricos e práticos abordando temas tais como
“tomografia do osso temporal – dissecação anatômica”; palestras sobre otite
média e na infância; conferências; demonstrações práticas de dissecação.
Proferiu palestras; organizou e participou de mesas diretoras de conferências,
encontros de pediatria e congressos promovidos por fundações, centros de
estudos e pela Associação Médica de Minas Gerais. Observo que estas são breves
pontuações da importante trajetória profissional do Jusmar.
Este
Jusmar agora vem nos revelar sua veia poética, sua face lírica que o faz
temperar a vida com rimas, versos brancos, estrofes e metáforas. Ele as elabora
com a mesma familiaridade e perícia com que maneja os instrumentos médicos. Faz
da poesia “a água contida no pote, a água que todo ser humano dotado de
sensibilidade necessita para enfrentar a jornada existencial”.
Participou
da edição de Paracatu.com - um encontro virtual, em 2007 e de duas antologias
da literatura paracatuense, em 2010 e 2014. Do seu livro Pote, lançado em 2010
com o apoio desta Academia, convido todos vocês para provar da água inspiradora
do poema “Ao Poeta Pessoa”. Assim, espero que eu tenha cumprido a minha tarefa
de saudação a esse fraterno companheiro da Academia. Ouçamos:
Ao
Poeta-Pessoa
E a dor que deveras sente
Este Poeta-Pessoa
Na eternidade lhe ecoa,
Nos ais de toda esta gente
Que o seu verso, tristemente,
Queima a alma, assim, à toa,
Faz sofrer, completamente,
Mas, por mais que se lhe doa,
Volta a lê-lo, volta e sente!
E mesmo de alma doída,
Vê mais sentido na vida.
Dói-lhe a dor que não fingia,
Dói-lhe a dor da poesia
E ao Poeta ama e perdoa!
Paracatu
19-02-2018
Maria
José G. Santos – ALNM
Cadeira
nº 25 Henriqueta Lisboa
DISCURSO DO ACADÊMICO JUSMAR CERTO ROQUETE
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| Ao lado de sua esposa Fátima e das acadêmicas Benedita Soares, Helen Pimentel e Coraci Batista, dr. Jusmar faz seu discurso de posse. |
É com
orgulho que venho hoje homenagear o patrono da cadeira numero 11, Gastão
Loureiro Salazar Pessoa.
Para
se falar de Gastão, é necessário referir-se
ao seu pai Dr. Pedro Moscovo da Veiga Salazar que ainda muito novo transferiu-se
de Recife para Paracatu em 1886 e aqui foi Juiz Municipal e de Órfãos, Diretor
da Escola Normal, presidente da câmara Municipal, jornalista, fundador de
vários jornais,poeta, escritor e grande incentivador das artes.
Casou-se
com Dona Paula Benigna Loureiro, paracatuense.
Em 12
de maio de 1988 nasceu Gastão loureiro Salazar Pessoa, que aqui foi criado e se
formou na Escola Normal, onde exerceu o ministério.
Exerceu
o ministério também em Araguari. Depois se efetivou como funcionário publico
federal e transferiu-se para o Rio de Janeiro.
Nesta
época e ao longo da vida foi um estudioso da historia brasileira e particularmente
do nordeste e de Minas. Foi um pesquisador de historia especialmente na
Biblioteca Nacional.
Sua
maior dedicação foi com a pesquisa genealógica das famílias paterna e materna,
publicadas em uma edição resumida por seus filhos sob o titulo de “folhas
antigas”.
Trouxe
informações históricas sobre Paracatu, além de Informações sobre a vida Ibérica
e do Brasil relacionadas com a linhagem paterna. Escreveu uma biografia de seu
pai.
Com a
família materna, paracatuense, os Loureiro Gomes, mostrou as relações e entrelaçamento
com outras famílias como: Costa , Botelho, Pessoa, Gomes, Adjuto, Roquete
Franco, Garcia, Silveira, Vilela. Silva Campos..
Escreveu
ainda crônicas históricas em torno de Paracatu do Príncipe sob o nome “VOZES DO
PASSADO”, publicadas a partir de 1953 no
semanário (folhetim) “A TRIBUNA DE
PARACATU”.
Seu
filho Arnaldo Salazar Pessoa diz que ele escrevia com elegância e desenvoltura,
sendo muito ameno em suas crônicas.
Segundo
Oliveira Melo, ele era uma pessoa cordial e tratável e de uma dedicação Férrea
em suas pesquisas históricas.
O
próprio Oliveira Melo, quem agradeço
pela preciosa ajuda nesta pesquisa, destaca uma destas crônicas históricas: As mestras e o presidente.
Gastão
Loureiro Salazar Pessoa morreu no Rio de Janeiro em 18 de janeiro de 1972.
Ao
aceitar ocupar a cadeira de numero 11 desta academia, busquei compreender
melhor o significado de ser acadêmico. Preservar e promover a cultura literária
são nossas funções básicas.
Mas volto aos anos 384-383 a.C. e encontro-me
em um templo consagrado às musas de Apolo, nos arredores de Atenas. Platão
organiza o local para encontros com seus amigos e ali pensarem juntos e
discutirem sobre temas variados. Todos são livres para expor suas opiniões e de
submetê-las ao debate. Aprendem a pensar. Praticam a dialética. Em que pese
algumas idéias de Platão como a de não haver criação, mas apenas a descoberta
do já existente, não há aulas ou doutrinações. Não há ideia fixa, acabada, pois
ao fixá-la impede-se o pensamento.
A
Academia, como veio a se chamar após a morte de Platão, é uma casa em defesa do
pensamento, da criação, do novo, do diferente. Uma casa onde se aceita a ideia
apenas como geradora de pensamento.
A
literatura prevalece quando geradora de novas idéias, novos pensamentos, novos
rumos, novos poemas, novos sentimentos, novas crônicas, novas historias...
É necessário defender o lugar da criação, o
lugar ainda não ocupado, o lugar que a própria evolução cultural abre: o vazio.
É
aproveitando esta idéia do Vazio como lugar de criação, que quero homenagear ao
meu patrono, meus confrades e confreiras, e a todos que deste lugar precisam e o
utilizam para a sua criação, com um pequeno poema: A Arte.
Se é
verdade que nem toda criação é arte, também é verdade que toda arte é uma criação.
A arte
é o indefinível que nos toca.
Peço á
Ruth que declame, portanto o poema. Obrigado a todos vocês.
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| A Sra. Ruth Brochado Ferreira declama o poema "A Arte", de Jusmar Roquete. |
A ARTE
Jusmar
Roquete
No
vazio germinam a criação e o delírio
No
descaso da razão e do concreto
São
filhos de um mundo humano oculto
Bem
maior que o mundo em que vivemos
Quais raízes que
invisíveis aprofundam-se
Nutrem-se de essências,
sentimentos ancestrais
Que o tempo, alheio aos
vícios das culturas
Recolhe e guarda
silente em seu maior tesouro
São rios de essências
incontidas
Que correm no profundo
dos mistérios
E por vezes se irrompem
nos vazios
E trazem à vida o amor e o sentir do eterno
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| Parte do público presente à cerimônia. |
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| O evento marcou a volta da acadêmica Dália Maria Neiva. |
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| Em primeiro plano, ao centro da foto, a mãe do acadêmico Jusmar, D. Maria Certo Roquete. |
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| Ao fundo, de camisa azul, o acadêmico Flávio Neiva, que fez questão de vir de Belo Horizonte para prestigiar a posse do amigo Jusmar. |
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| Da esquerda para a direita, Fátima Roquete, Helen Pimentel, Coraci Batista e Jusmar Roquete. |
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| A Presidente Emérita Coraci Batista faz seu pronunciamento. |












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